◈ Local: Sala Álvaro Moreyra.
◈ Dia: 07 de novembro, segunda, às 19h30.
◈ Indicação: Livre.
◈ Entrada: Franca.

Entendemos que a criação artística é fruto de esforço coletivo e colaborativo, e que o registro e a reflexão acerca da trajetória individual de todos os envolvidos nesse processo são fundamentais. Sustentar, fortalecer, renovar e apontar novas perspectivas estéticas e profissionais para a área são os objetivos. A Coordenação de Artes Cênicas (CAC) e a equipe técnica da SMC propõem a realização de uma série de encontros. Os protagonistas serão os técnicos de teatro, integrantes centrais e ativos da construção poética da cena.
Nosso próximo encontro será com Egon Rudy Alscher, ele estudou engenharia eletrônica e é técnico em áudio e som com vasta experiência.
Egon nasceu em 22 de julho de 1935, na cidade de Porto Alegre, filho de alemães legítimos. Casou-se com uma espanhola daqui de Porto Alegre, a querida dona Malú e teve 2 filhos, Sônia e Renato Alscher, que assim como o pai também é um mestre em estúdio e som.
Ele estudou no colégio Concórdia e sua iniciação em áudio aconteceu aos 16 anos com o acesso as edições de uma revista argentina chamada “Hobby “. A partir disso conseguiu montar o que na época era chamada de Galena, mas pode-se chamar hoje em dia de radinho nem tão portátil .
Em 1952 sonhava em voar mais alto e queria entrar para aeronáutica, mas, foi parar num batalhão mecanizado do exército. Com os conhecimentos básicos de eletrônica, foi promovido a consertador e sintonizador dos rádios do quartel. Ali conheceu um grupo de músicos e iniciou amizades importantes que o fizeram ser um homem mais curioso ainda, dada a sua capacidade de imaginação e criação. Saindo do quartel foi trabalhar em uma fábrica de rádios em Porto Alegre e depois foi para a Siemens pois sabia falar alemão. Com as dificuldades das importações, Egon desenvolveu o seu primeiro amplificador e ainda tem a placa de circuito até hoje como lembrança. Diz que ela já estava indo pro lixo quando eu cheguei para convida-lo para uma entrevista em 9 de novembro de 2016.
No percurso de 1955 a 1960 muitas coisas aconteceram e ele sabe bem contar. Por volta de 1960, reuniu-se um grupo de amigos e fundaram a Cotempo. O Egon resolveu aos 44 anos fazer faculdade e passou em Engenharia Eletrônica na PUCRS. A Cotempo sonorizou aproximadamente 10.000 igrejas e existe até hoje mas sem o Egon. Com a Cotempo ele equipou quase todos os cinemascopes do Sul do Brasil, desde os projetores a carvão e modernizou trazendo as lâmpadas Xenon da Alemanhã. Uma Revolução na época ainda contando com as excelentes caixas de som fabricadas e dimensionadas por ele.
As usinas de Angra 1 e 2 tem operantes até hoje equipamentos de sonorização e outros sistemas de intercomunicação de fabricação da Cotempo. O Exército Brasileiro sempre comprou amplificadores marca Cotempo por confiança e fidelidade.
Quando seus 2 filhos nasceram ele estava trabalhando na SACC. Foi mesário de som da Banda Flamingo durante os anos dourados dos grandes bailes. Egon teve em mão o primeiro Gravador K7 na década de 60 e fez muitas gravações móveis com grupos de serestas. Em 1970 e 1990 ele montou a EGER, um estúdio que revolucionou e faltava no sul do Brasil, colaborando sobre maneira com a música, tanto gauchesca como popular urbana, bandinhas, corais e o rock ficou feliz .
Almondegas, Mr Lee, Discocuecas, Taranatiriça, Garotos da Rua, Engenheiros do Hawai, Os Eles, Musipuc, Bailes do Magrinhos com Contursi, Transassom com Pedrinho. É um sem fim de trabalhos até trilhas de filmes e edições de efeitos especiais para espetáculo culturais como a Revolução farroupilha, Expofeira, Expointer, som e luz do Palácio e da Catedral em 1994. Teve como parceiros Gerry Marquez na iluminação, Paulo Dorsch no som, Geraldo Schuller na engenharia, os guris Alfeu, Zé Spindola e produtores como Airton dos Anjos e muitos outros.
Foi uma explosão de fazer de tudo naquela época. Quando perguntado a Egon, se eles ficaram ricos, ele respondeu “não deu…”, “mas como assim?”, e ele respondeu “tinha uma cara que gastava todo o lucro em pesquisas”, “quem?”, “eu…” disse ele. E houveram muitas risadas.
A Cotempo criou a primeira locadora de som do Brasil, orquestras sinfônicas de todo mundo, bailes internacionais, festivais de música, projetos de memória e sincronismos para espetáculos de Som e Luz como das Missões em 1978, shows internacionais, a chegada do Papa, tudo era som Cotempo. Um exemplo: enquanto a Phillips em 1976 no mundo montava sistemas sincronizados de som e luz com rolos com pinos, a Cotempo já syncava com cabeças de gravadoras e construia câmaras de retardo.
Egon como pessoa nunca negou ajuda pra ninguém até para pessoas que depois de algum tempo viraram concorrentes. Ele não sabe cobrar, tão pouco sabe discutir preço. É um professor que não cansa de aprender, pesquisar novas tecnologias, ensinar e dividir o que sabe.
Evento no Facebook.
Deixe um comentário